Eu distingo na forma a oculta graça,
No lábio mudo e frémito do amor;
Para mim a crisálida esvoaça,
O gomo é árvore e o botão é flor.
Sei que há em tudo vida interior,
Que há fontes vivas numa rocha escassa,
Que a treva vai fundir-se no esplendor
E o riso já exulta na desgraça.
Assim, eu, através da ganga escura
Virgem de todo o olhar,
Fitei o diamante que fulgura;
E, em certas conchas que há sepultas
No túmulo do mar,
Vi o raiar das pérolas ocultas.
EM - POESIA - JAIME CORTESÃO - INCM
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