terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Calvário lírico - EDUARDA CHIOTE

Colocas-me, no pescoço, um diagrama
de versos
e as minhas mãos estrangulam uma pérola
mais tumultuosa, aí... claramente... onde a pulsação
desordenada
convoca um perigo dulcíssimo
e nervoso.
Os meus dedos cedem, comprometidos.
Descem, procurando-me
um seio.
Resvalam sobre o ventre liso
até à lâmina de uma artéria ofegante. De noite.
São dedos masculinos, íntegros,
de uma pilhagem e beleza
fulgurantes.
A princípio indecisos, movem-se agora
precipitando a escrita
ébria de prazer. As mãos da escrita
matam... morrem.
Matam... impedindo o esperma da sua asfixia,
morrem... no desejo morto da palavra
morte.

EM - NÃO ME MORRAS - EDUARDA CHIOTE - &ETC

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