segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O nome da ausência - ALBANO MARTINS



O sotão: era ali
que o mundo começava. Ainda
não sabias, então,
quantas letras te seriam
necessárias para soletrar
o alfabeto dos dias, para encher
a tua caixa
de música, a tua concha
de areia. E ainda
o não sabes hoje. Com cinza
nada se escreve a não ser
as vogais do silêncio. E este
é o nome que se dá à ausência,
quando a noite e a poeira
dos astros pousam
sobre a ranhura dos olhos.

in... Cem poemas portugueses do Adeus e da Saudade - Antologia - Terramar

Site da editora aqui.

3 comentários:

  1. "...Com cinza
    nada se escreve a não ser
    as vogais do silêncio."

    Um poema extraordinário! Parabéns ao autor

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  2. Este Poema segue a regra geral. O sotão é um lugar mágico para as crianças. TUDO REVELA,LÁ UM SILÊNCIO...O passado está lá; digo, nem sempre o passado se reduz ao cinzento. Pode ser um sítio onde se poderá levantar, revisitar algo de que se pode disfrutar hoje. Assim espero porque sei o que guardei nele .

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