segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Navio - CARLOS QUEIROZ




Afastava-se o navio.- Como era
Tão grande, junto ao cais, quando esperava
A hora da partida, que eu julgava
Impossível passar de eterna espera!

Afasta-se... Bem vejo que acelera
A marcha, que uma súplica não trava.
- É inútil ficares, minh'alma, escrava
Da sensação que as águas dilacera.

Que importa que se afaste?! O que é pior,
É lembrar-nos a nossa pequenez,
Quando se torna cada vez menor...

Dilui-se, pouco a pouco, a nitidez;
Mas deixa, como um rastro, a eterna dor
Do homem - e de tudo quanto fez.

in... Cem sonetos portugueses - Antologia - Terramar

Site da editora aqui.

2 comentários:

  1. *
    o navio
    dos sentimentos,
    ,
    lindo,
    ,
    saudações,
    ,
    *

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  2. Maria Beatriz Menezes12 de junho de 2012 às 17:24

    Se fosse mais nova, faria um cruzeiro rumo à Itália e às Ilhas Gregas, mas contento-me a fazer a travessia do rio em ferry- boat; pequenas viagens pela Caniçada, pelo Alqueva e , com sentimento´, no Basófias, sempre que possível no trajecto turístico. Aqui, sim, as emoções estão à flor da pele. O poema aqui tem sentido. É muito lindo!

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