sábado, 28 de dezembro de 2024

Pescadores - António Almeida

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Veio a noite e a labuta rotineira os leva de novo
Desapegando-os da humilde casaréu que de tempo em tempo
lhes cala o cansaço
Seguem afoites na fé que diariamente os persegue
A tempestade do estômago faminto em cada lar
os une pela determinação

Pescam no tempo a sabedoria que o semblante
lhes carrega na alma… E carregam nos ombros as amarras
da sábia dureza da vida

A melodia cantada pelas gaivotas os embala por companhia
a solidão que o céu ampara nos pequenos astros
Navegam na esperança as tormentas que a viagem
das marés por vezes os atraiçoa
E o grito das ondas na areia os alerta o fatigo que o desgaste
coloca no corpo salgado

São horas de acordar o silêncio que o sentir na voz
lhes segreda com o olhar
A sombra prateada os ilumina na alma o martírio
que a saudade denuncia no rosto lasso

… A luminosidade da estrela maior dá finalmente sinais no horizonte
e o amanhecer levanta-se vagarosamente aduzindo pela brisa fresca
estes pescadores que fazem do azul do mar um porto de abrigo...
Que os recebe e abraça com a graciosidade de um vago sorriso.

EM - A ARTE DE POETIZAR - COLETÂNEA (organização de António Alves, sobre telas de António Dias) - IN-FINITA

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