quarta-feira, 19 de junho de 2024

Liberdade (excerto) - Celeste Gonçalinho Duarte

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Nos rumores da sombra,
Ceguei e escrevi de cor um nome.
Não me lembro se era sol, mãe, casa, solidão,
Caminho, colo, flor…
Pus-me a pensar nas relações com sentido,
Supervisionados pelos elementos da consciência,
Como pensarão, talvez, as formigas,
Quando carregam uma espiga em vez de um grão…
Dava-me que pensar admitir a vida subjugada
A um olhar de coruja velha
Sempre alerta à réstia de segundo
Em que pudesse estilhaçar o coração aos pássaros!...
Voltei à sombra, remexi na penumbra,
Não fosse, às vezes, ter-me escapado a essência da minha busca.
Na realidade, ficar-me-á na memória que:
A palavra era aromática como os grãos duma romã;
Era solta, como o são as pombas que se mostram nestas janelas;
Que se exprimem no meu rosto;
Tinha a fluidez de um mar selvagem,
Sendo ele próprio dono do seu destino;
Parecia emoldurada por uma cordilheira de cravos rubros,
Esvoaçando das mãos pequenas e límpidas de uma criança;
E era uma palavra azul rivalizando com a transcendência do céu.

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

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