segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Não sei o que procuro - Paulo Galheto Miguel

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Não sei o que procuro, porém sei do que fujo
Sigo devagar contudo, em frente
Enleio os olhos no vagar incipiente das coisas
Busco numa qualquer vontade fortuita, a minha melhor versão, 
a que sobra dos meus ideias, a única e mais plausível razão decente

Vagueio numa praia de areia lisa, vestida de sal e nevoeiro
Estendido como uma ave incomum, de asas abertas
ao vento, de boca atada de cinza, assim num danoso ensaio, 
como devastado, se morre
Como um instinto nefasto, que a mim se acostou,
tão igual a uma fateixa
Vogando no meio do nada, sinto-me levado por franjas mornas de areia
Como um ser pertinente de saciar a sede de viver, 
numa amálgama de gente
Que se lamenta do presente, incapaz de criar um futuro diferente
Sinto-me hoje um vasto e displicente lençol amarrotado
Acho as minhas mãos muito diferentes, 
de tão presas ao chão, de tão juntas que estão, 
tão avarentas, um labirinto de veias salientes, 
embrenhadas neste meu insano desejo de razão
São os riscos no meu rosto, são pregas, são reflexos
de todos os olhares que não me salvaram do frio, 
qual gajeiro pendente de pretextos, numa cegueira em falsete, 
esventrada por tantas razões mal resolvidas

É este mar, que mesmo sem que seja luzente, a teimosa
e perpétua razão, me sustém...
Sobro eu, confuso e em migalhas, neste pedaço de céu, 
numa busca incessante, infrutífera de RAZÃO !...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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