domingo, 27 de novembro de 2022

Horas da noite - ISABEL BASTOS NUNES

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Passeio pelas minhas memórias
Provo o amargo das noites de insónia
Entra-me nas entranhas
A sombra rápida das horas tardias
O silêncio das árvores
Enquanto a natureza se despede
De mais um dia.

É hora da noite
Dispo-me de todos os meus pecados
Inicio o mea culpa com o Acto de Contrição
Enquanto espero que os sonhos
Me levem ao mundo da fantasia
Enchendo-me de pensamentos
Que nem sequer conhecia.

Sou noiva vestida de branco
Ou viúva de negro vestida…

É hora da noite
Do desencanto ou do encantamento
Onde se constroem os assombros
Ou assombramentos
Onde a liberdade vive de revelações
Fruto talvez de uma memória
De sombras esquecidas pelas esquinas do tempo.

Sujeito-me ao destino desses sonhos
Como outono entrando levemente num jardim
Porta aberta para um quadro pintado de folhas mortas
Onde tudo é música e silêncio
Onde me despeço de mim.

É hora da noite
Das danças
Das bruxas
E dos segredos
Da espera das madrugadas
Dos amantes e das amadas
Das névoas iluminadas
Pela luz alva das noitadas.

A mim
Espera-me o nada sentir…

Olho-as com avidez
Por não lhes poder dar um rosto
Nem percorrer o corpo de ninguém.

Apenas a solidão que me rodeia
Lhes pode dar a palavra.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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