LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Giro de pombas brancas
Para sempre irão voltear,
Abanando suas saias amplas
Num columbiforme rodopiar!...
Dona Maria Padilha pôs a mesa,
Nanã Buruquê foi do pântano para lá!
A grande vela estava acesa,
Iluminando o sábio Orixá!
Dona Rainha ajeita seu colar,
Há canjerê na casa de Oxum!
Ela quer estar bela para amar...
Candongas sempre atraem Ogum!
Dona Sete Saias encheu o ofurô,
Atabaques percutiram durante a oração!
Raios com trovões banharam Xangô
No supremo ritual da iniciação!
Dona Maria Mulambo pede aguardente,
O transe de possessão será em banto!
O teor alcoólico a tornará presente...
Banzo triste é nostalgia e encanto!
Dona Rosa Caveira veio do além-mundo,
Abrem os caminhos o angola, o benguela!
A benzedura dura só um segundo...
Galinhas pretas sangram à cabidela!
Dona Cigana aspira o fumo,
A ialorixá recebe as oferendas!
As benfeitoras não saem do prumo...
Trazem à tona gravuras de Rugendas!
Dona Rosa Negra se vestiu de seda,
Dinheiro, prosperidade, bonança!
Seu culto deixou a noite leda...
Axé devoto tem sempre esperança!
Dona Menina arruma sua mantilha,
Na macumba a crioula falou irerê!
Ela veio voando da distância à milha,
Da flor amarela ao tronco do ipê!
Dona Dama da Noite chegou ao terreiro,
Cabindas, congos, nagôs soam o tambor!
Bela senhora do fetiche afro-brasileiro,
Libertária comum dos que tem dor!
Dona Sete Encruzilhadas está perfumada,
Oxalá quebrante o mal tão perigoso!
A superstição popular mora em cada estrada...
A sagração foi feita com óleo untuoso!
Dona Maria Quitéria se botou bonita,
Compareceu até o Zumbi dos Palmares!
Curiboca dá passagem e levita...
Fazem-lhe corte almas d'além-mares!
Dona Calunga gargalhou toda faceira,
Os quilombolas quebraram os grilhões!
Adulações a gratificam sobremaneira
Nesse entrave dos guias guardiões!
Giro de pombas brancas
Para sempre irão voltear,
Abanando suas saias amplas
Num columbiforme rodopiar!...
EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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