sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Quando o brilho do olhar nos morre - ISABEL BASTOS NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Afronto-me a mim própria
E com um grito surdo
Parti em busca de mim.

Perdi-me nas brumas desta cidade
À procura de uma outra que inventei
Onde os meus sonhos se fizeram gente
Mas que eu sepultei
Nas memórias que esqueci.

Imersa nessas sombras como castigo
Agreste é o meu horizonte interminável.

O meu corpo enrola-se no que ainda é a minha essência
Mas o meu pensamento vagueia numa luz obscura
Quase macabra
O meu horizonte são as imagens vivas dessa cidade
Onde amadureci e onde o tempo secou minhas lágrimas.

Sinto-me amarrada a essas lembranças
Talvez me libertasse se não as escrevesse…

Sei-me desbotada nos anseios que ainda trago no peito
Mas alimento ainda o desejo de libertar-me
Dessa cidade que invento nas palavras
Quando o olhar me morre nos olhos.

Acho que a vida me fez merecer isto mesmo
E me quer silenciosa.

Sinto-me a vaguear por essas ruas imperfeitas
Enquanto espero encontrar esse olhar que anda perdido
E me faça escrever
O que as vozes do silêncio não me deixam.

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

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