domingo, 23 de janeiro de 2022

Corpo suspenso - JOÃO RASTEIRO

O grito de todas as vértebras vazias,
as raízes brancas no caminho do eclipse
nada inocente e sagrado,
as folhas da acácia sobre o mármore florido
nos dias que antecedem a colheita,
e todavia o corpo permanece
sob o subterrâneo peso dos seus casulos
atento ao mínimo rumor ou gestos,
como se o sopro alçasse à superfície
o enigma do reino crepuscular que aguarda,
que o construa "igual a alguém que dança".

EM - OFÍCIO - JOÃO RASTEIRO - PORTO EDITORA

Sem comentários:

Enviar um comentário