quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Vive-se, vivendo-se apenas! - RITA BENTES

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A vida vive-se vivendo-se apenas,
Nada se faz não se vivendo,
Nada se faz vivendo, ou sonhando.
A vida não passa de um rochedo ríspido
Nada existindo para lá se si...
Rocha que vive e respira
Quando não respira sofre, não maneja, não debruça,
Não corre, não ama, não faz, não sente!

Vive-se, não se vivendo,
Inverte-se o vegetal, vegetando-se no escurecer do dia,
Arregaça-se e vive-se ao iluminar da noite.

Quantos sonhos perdidos,
Quantas infâncias destronadas por um despertar ilusório,
Quanta vida perdida, vivendo-se apenas...

Sonhos de sempre e de nunca, sonhos...
Vida que se vive, vivendo-se apenas,
Estradas mortas, ruelas condenadas, vidas perdidas.
Carros com amálgamas surdas, cujas vidas se perdem,
Cujos lamentos se ouvem,
Cuja esperança cessou...
Ah! Como a vida não se esvai,
Como vivendo não se vive, sobrevivendo-se apenas.
Ah! Como nesta breve selva humana eu vivo,
Não vivendo, apenas observando a sobrevivência!

Sobrevive o mais apto e no fim quem?
Ninguém...
Ninguém é o mais apto,
Nesta selva, fantasmagórica civilização!
Não existe aptidão capaz de ultrapassar este estar de nãoser,
Tornando-nos mais vivos...

Vive-se, vivendo-se apenas...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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