segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Papel em branco - PEDRO CALDEIRA SANTOS

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O papel branco
Caído da mesa, no chão
Aguardando letras que o possuam
Sem certezas
Esquecido na solidão do soalho
Abandonado

O papel amarrotado, encolhido
meio rasgado
por omissão da inspiração
Permanece pálido, sem cor
alheio à tristeza, à alegria
ao ódio ou amor

Sentimentos ausentes
Contos esquecidos
Historias, memórias
Viagens perdidas no tempo

O vazio

Cai chuva
O papel molhado
manchado pelos pingos
encarquilhado
permanece magoado
Voando empurrado pelo vento

O sol teima em não brilhar
Mantém-se escondido
Impede a sua luz de nos envolver
apesar da ansiada claridade
que nos ilumine

Fome

Fome de frases
De letras
De flores
De lamentos
De soltas gargalhadas

De relatos inspirados
De relatos de acontecimentos
De corpos embrulhados
De beijos trocados

O papel, amarrotado
Ressequido, esgotado, já amarelado
Vegeta no solo quase sem vida

A tinta secou
A alma, moribunda
perde-se no rescaldo da poesia ausente
descontrolada
Desencontrada de um poema incompreendido.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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