LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Mirando a vida com olhos de mar
Navegou às margens do estabelecido
Lendo o real com filosofia no olhar
Inclinado ao poente, um sol vívido
Suas noites, embevecidas de Virgílio
Taças repletas de saberes esquecidos
Leitor e escritor sutil, irônico, erudito
Rosto estilhaçado, pedaços de signos
Desse multifacetado literato argentino
Espelhos rubros flamejando desatinos
E alastrando a radiação de um prodígio
Intrigante e tenaz construtor de labirintos
E ouviu as ondas frêmitas e buliçosas da multidão
A deslizar, longínquas, da orla de sua insólita alma
Devir, ser que já não é mais, o furor vira mansidão
Moinhos ventosos que revolviam pó, vertem calma
Não afeito a lugares-comuns e ao prazer trivial
Por fazerem naufragar as bibliotecas e os livros
Tornou o estudo sua precisa bússola e caminho
Arrebatou auroras e noites com o seu manancial
Dissecou a maquinaria do mundo e suas tantas teias
Religou as memórias dissolvidas por relógios de areia
E no sentir sem ressentir, a cegueira foi tal qual estrela
Somou opúsculos a crepúsculos, resplandeceu poemas
Uma procissão sombria lamuria por quem não tem norte
A névoa encobre quem não leu o legado de J. L. Borges
Um tigre desapiedado devora tais seres de infausta sorte
EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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