quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Soneto do pássaro tonto - BETH BRAIT ALVIM

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

Sou este coração cheio de lascas,
um peito que encrespa sob uns pés tortos,
navio sem mar, à deriva, sem porto,
um cão bravio preso na mordaça.

Minha alma afunda como uma carcaça
por vezes boia como um peixe morto,
é fino fio que emenda um pano roto,
das bestas famintas, ela é a caça.

No bico trago a lua dos desertos
e pairo no céu qual pássaro tonto,
desenhando o sol, remendando cortes.

Mas hoje não existe o salto certo.
Só pousar em covas que nem mais conto:
voo raso e vazio rumo à morte.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário