LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
O céu estava límpido e os ventos brandos, o mar calmo.
O cansaço habitava-nos por semanas e nosso astral sem
ilusão se distraía nas águas.
Baixando as velas do nosso galião de casca de ovo,
vislumbramos terra ao longe. Era tanta a emoção que
eufóricos cantamos todos
as penas numa canção.
Já o barco chegava, algures entre as águas altas e as barcas,
atracadas, de madeiras modestas e pinturas baratas.
Magras propriedades de boas gentes, trabalhadoras
e honradas, já eu a avistava! Altiva e vencedora! Dos
aventureiros era a Nossa Senhora !
Mas a vida é feita de tormentos e quando abalroamos
num ilhéu invisível, que ali existia, rochoso, o nosso barco
se encolheu, vibrou, estremeceu!
Gritos, apertos correrias assustaram a multidão. A aurora
já se deitara e restava-nos a solidão.
Naquele momento de perdição, olhei para a grande
estátua que avistara pouco antes, de longe e por fascínio,
devoção, remeti o nosso destino na sua mão.
Chegamos sãos e salvos a terra firme e até agora insisto em
manter uma oração.
Quando então um dia, entreguei a minha alma, na hora
da dúvida com paixão.
Hoje todos podem lá ir, visitar, rezar descobrir.
Sítio construído, caminho feito na pedra e na terra, entre
martírios e sofrimento, que atravessou uma guerra.
No penar dos peregrinos, para desvendar tal monumento
maravilhoso, uma subida ao alto é preciso.
Como para expiar pecados e desalentos que o homem
pode carregar.
Bravar a vida é como atravessar mares, destemer
penhascos e mesmo no vazio saltar...
Por vezes temos sobressaltos, tempestades...
Mas mantendo a conexão na esperança ainda se pode
sonhar...
EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VI - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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