LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Em cada canto uma flor daninha
Cospe sementes que ameaçam meus dias.
Já não há consolo para meus olhos
Nem alento algum chega a meus ouvidos.
Espelho do que se lavra nas ruas,
César colhe o que não plantou,
Enclausura os peixes em coleções privadas
E confisca a vara dos pescadores.
A cada giro completo dos ponteiros,
Despencam dos céus três ou quatro aviões.
Outros tantos polemizam nas redes
Sobre a ocisão dos não nascidos.
Os santos se dedicam a protestos infames.
A ordem do dia é atirar lanças
Sobre corpos sangrados de meninas nuas
Cingidas a seus bichinhos de pelúcia.
Um grito negro salta do nono andar,
Enquanto os cães, incólumes, folgam na praça.
Mãos alvas não se tingem de escarlate
Ainda que haja sêmen e hímen rompido.
O deserto são as minhas órbitas.
Minhas lágrimas não regam
As terras que ardem em chamas
Nem faz baixar o preço do arroz.
EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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