quarta-feira, 23 de junho de 2021

Eu me sinto no Sertão - SAMUEL DE MONTEIRO

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Eu me sinto no Sertão
Ao ler poema rimado
Ouvindo um som forrozado
Pés descalços neste chão
Eu fico sem condição
Comendo cuscuz com leite
Ao ver de chita, o enfeite
Manteiga e queijo de coalho
Colorau, dente de alho
Baião de dois, um deleite.

Eu me sinto no Sertão
Ouvindo o nosso sotaque
Comprando algum badulaque
Ouvindo o Rei do Baião
Me acelera o coração
O som do bendito “oxente”
Que sai da boca da gente
Numa voz bela e sonora
O sol no romper da aurora
Deixando o dia mais quente

Eu me sinto no Sertão
No gosto da rapadura
Ao lembrar da vida dura
De um tempo de provação
Das festas de São João
Dos parquinhos da cidade
Daquela simplicidade
Da nossa gente matuta
Que mesmo com muita luta
Encontra a felicidade

Eu me sinto no Sertão
Quando me deito na rede
Quando vejo na parede
Um quadro com oração
As festas de louvação
Casa antiga com terreiro
A sombra do abacateiro
O som do galo avisando
Que outro dia está raiando
No mesmo horário, certeiro.

Eu me sinto no Sertão
Na velha Casa do Norte
A saudade bate forte
Quando escuto uma canção
Dois poetas em ação
Na inspirada cantoria
Rimas trazendo alegria
Sentados em tamboretes
De retalho, dois tapetes
Numa noite de poesia

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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