terça-feira, 13 de abril de 2021

Escrever - ANA MARIA LOPES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Eu tenho um lápis que me observa
diariamente.
É tão amigo! Tão sincero.
Não é ninguém! Não é gente! Este lápis amarelo.
Fiel, permanente soldado,
marcha convicto na folha de papel
Ondeia no ar o seu bico, espada feroz
e rabisca, rabisca em luta livre, indevida, renhida, sofrida
senhor de causas... de grandes causas
que lutas defende este lápis?!
Simplesmente acredita!
que a tristeza não combina com a pureza do papel.
Paciente, espera,
frente-a-frente e a folha branca, sempre aberta
desprotegida, ele quer! ...
possui esse desejo, recalcado, magoado
e quando chega o momento sempre pronto,
tal florete a ripostar
– “Em guarda”, ouve-se gritar.
Resta o duelo, nem se ouve, nem se teme e a lâmina brilha
toque certeiro no coração
e não é em vão, abre-se o céu e a acção
escreve, escreve, sem parar
em desplante, versos e mais versos
soberano em destreza
finalmente em êxtase...
descansa, agora, esgotado
e em voz condoída afirma,
hoje, amainei a tempestade.

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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