domingo, 10 de janeiro de 2021

Quando li sua carta - ANDRÉ ARAÚJO

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Quando li sua carta, pensei em rasgar,
Mas sabia que iria mandar outra em resposta,
preferi deixa-la inteira, intacta,
Mas também imóvel: parada.
Eu olhava,
fitava;
diante dela era um cacto, espinhos,
feria, mas poderia aflorar.
Quando li sua carta, pensei em nunca mais viver;
não havia sentido, no entanto,
resolvi: viver é preciso.
Tinha medo, angustia, solidão,
e o insólito vento batia na porta.
Quando li sua carta, pensei em trazer
Você de volta de longe...
Muito longe.
Tinha um sertão de coisas para tentar,
mas tinha inverno, uma travessia sem fim.
Quando li sua carta, pensei em nada.
Queria caminhar sem fim.
Teria um mundo para caminhar,
Tinha uma estrada e curvas.
Mas Eu temia a lua a me olhar
Num julgamento confesso.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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