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No princípio era vermelho, como carne.
Como sangue e chama.
Morango maduro.
Era intenso e acelerava o peito.
Era pele e pêlo. Viciante.
Era força motriz que impulsionava o sair da
cama. E o entrar também.
Era rua sem saída, língua, mordida.
Quente.
Depois virou amarelo, como sol.
Música que aquecia o corpo e a alma.
Alegria. Confete e serpentina.
Carnaval.
Quando o sol se pôs, o amarelo foi pintado
de verde, como planta que brota do chão.
A esperança na construção do amanhã.
Expectativa.
Mas o verde escureceu quando o azul não
aconteceu. Sem água não cresce.
Então caiu a noite e chegou o cinza.
Como nuvem carregada que antecede a
tempestade.
Vendaval no mar.
O cinza rapidamente evoluiu pra preto.
A escuridão da ameaça.
A censura dos vestidos.
A sombra do ciúme e as trevas do medo.
Quis trocar a paleta.
Iniciar com branco, encontrar o azul.
Mas o roxo veio antes.
Como hematoma e cheiro de éter.
O amargo da dor, agora já irreversível.
*P.S: texto em homenagem às vítimas de
relacionamento abusivo e feminicídio.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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