LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Uma vez ativo, minha musa entrou em greve,
Eu disse volta, ela disse vai passear!
Tentei mergulhar minha caneta em tinta escura,
Mão na testa, e tentei pensar...
Comecei por escrever um soneto muito triste,
Que acabou em folha amachucada na mão!
De seguida, pensei em escrever um verso divertido,
Não foi engraçado, soou muito sentido!
Por vezes, tenho que procurar nos bolsos da alma!
Por vezes, tenho que abrir as gavetas da loucura!
E tantas são as vezes em que encontro bolsos rotos!
E tantas são as vezes que abro gavetas sem fundo!
Mas eu sei que a minha essência não vive em part-time
E que a poesia não pode deixar fugir musas e inspirações!
O corpo também vive com o oxigénio da escrita
E hoje está uma linda noite para procuras letras à luz da Lua!
Assim a contemplo em busca de inspiração,
Procurando nas estrelas cintilantes
Algo que arrume esta minha desarrumação,
E que me saia umas quadras brilhantes.
Não paro de pensar...
minha musa acabou de se afastar
Foi de férias... Sei que é curta a sua ausência,
Ainda a recordo caminhando sem hesitar, sem clemência,
e pergunto-me quando e se vai voltar...
Sofro como um pequeno pardal
Com a asa ferida, indefeso,
estou desolado e realmente sei disso,
Até então sou mesmo poeta a tempo parcial!
Deitei a caneta na almofada
E coloquei o bloco a descansar comigo.
Não insisti mais e rendi-me à distância da musa.
Pode ser que regresse no sonho do sono que nunca tenho...
Mesmo que apareça no tormento do pesadelo
Mesmo que regresse na impaciência da insónia
Estarei sempre por cá para juntar as letras
E explicar que existo sempre mesmo que seja em part-time...
EM - DUETOS DORDIANOS - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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