domingo, 9 de agosto de 2020

Poesia entre marés e pandemia - ANA MENDES

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Olhando a paisagem em frente a mim,
Por esta muralha que já protegeu soldados,
Guerreiros, populações inteiras, recolhidas
Entre sacas de trigo e molhos de feno ao sol secados.
Agora eu aqui sentada, a bandeira sorridente esticada,
Enfrentando o vento e as auroras nascidas
Com o horizonte escondido, que mal se distingue...
Nuvens rosadas se espalham e escondem o perigo.
Sou transportada por travessias de marés e maresias...
Pensando no Covid-19 e nesta pandemia.
Ouvi contar de boca cheia e pulmão recolhido:
“Estamos todos no mesmo barco”, pois não acredito!
Uns têm um paquete, porcelana e ouro fino
Outros barco a remos ou de vela ao sabor do vento.
Uns remam juntos, no mesmo sentido,
Abandonados à tempestade, bonança, ao destino.
Onde nos havemos de virar, que Santo rezar?!
Todos em busca de um porto seguro, refúgio.
Sem culpado a quem gritar, invectar, amaldiçoar.
Juntam as mãos e enfarinham cozinhas,
Colorindos painéis com crianças enjauladas.
Cantam em varandas, para não chorar.
Rezam sobre écrans para não abandonar...
Até que acabe e tudo retome o seu lugar.
Agradecendo guerreiros de batas e fardas...
São só poesias, palavras minhas ao mundo lançadas...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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