segunda-feira, 6 de julho de 2020

Irmão - BETH BRAIT ALVIM

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Navegas no meu quase sonho
ruídos textura leve temperatura
e lá repetes histórias.
E eu a demolir a pétrea surdez dos doutores,
praguejar a agulha rompida,
a escorregar atrás de outro chumaço de algodão,
e chorar a sonda entupida, os engulhos, a vergonha.
Não sinto cansaço, só premência.
Bem perto do meu peito uma cabeça encolhida,
e no meu colo uma perna que balança os pêlos como
tranças de palha.
Vivo e natural esse estado de vigília,
onde os mortos ocupam tranquilos nossos vazios
e nos fazem executar tarefas para eles sem
interrupção.
Elas não são pesadas as madrugadas, nem as tarefas.
E não se trata da costumeira insônia.
São sinas que nos foram destinadas
desde tempos remotos.
É só uma noite povoada de proximidades.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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