terça-feira, 30 de junho de 2020

Quem beijará, agora, a boca de pagu? - ANDREA MASCARENHAS

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não necessariamente.

abrir a porta antes que se escuse urgente. beber a dor
como a uma bebida amarga, desde sempre.

sentir o peso de sentimentos velhos no corpo sem
esquinas. não há escadas possíveis
quando os degraus se esfacelam em todo pó.

porquês de elevador aborrecem tua alma,
já sei e não dizes. a pipa solta, na infância, resguarda
atritos futuros.

verter o orgasmo pela culpa líquida e ensinada.
nunca rasgar a roupa que não se quer. desistir, quase
sina. como é fácil ensinar o ímã das coisas grandes
sem mesmo o saber.

do que sobra no fundo do pote, dar
aos passarinhos. qualquer tarefa, sempre sua.

a outra cara, não tenho mais:
hipotequei ao sair da barriga.

aos empurrões, ad aeternum,
a vida se estica.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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