quarta-feira, 27 de maio de 2020

Um mundo dentro de nós - CARLA GOMES e JOAO DORDIO


LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Escuta este silêncio que nos envolve
Ele invade os nossos sentidos
E transporta-nos para outro lugar.
Um mundo diferente,
Não sei se melhor ou pior
Tenho que viver esse mundo
Tenho que senti-lo.
Fechos os olhos e transporto-me até lá
E de repente começo a sentir os pássaros a cantar
Em sintonia com as gargalhadas das crianças
Que brincam alegremente pelas ruas,
Quando dou por mim
Estou a sorrir e a brincar com elas.

É no bairro desse silêncio que habito
Sem casa própria, mas com paredes de sentidos
Daqueles que foram criados para além dos cinco
Por entra as ruas de loucura para captar a anormalidade.
Estou num mundo completamente aparte
Sem querer saber se bom se mau.
Sei que é ali que pertenço
Sei que é ali a minha missão.
As crianças… As gargalhadas das crianças!
As suas brincadeiras chamam-me porque eu também o sou...
Uma criança que se vestiu de mulher lá fora deste mundo
Uma criança que se despiu de mulher para puder ser verdadeira
Mas só neste mundo interior... Só por dentro...

Ah... como eu gosto deste mundo
Aqui eu não temo as tempestades
Que teimem em assolar-me,
Aqui reencontrei o meu sorriso que há muito me havia abandonado
E os meus olhos brilham em vez de chorarem.
Aqui não tenho medo
Posso ser eu, simplesmente eu,
Aqui posso sentir sem disfarçar,
Posso desejar sem recear
Aqui posso amar, sentindo cada momento como se o tempo fosse
infinito.
Sim... é aqui que eu pertenço
Neste lugar onde o silêncio é feito de gargalhadas
E onde somos livres, sem muros nem muralhas
Que nos prendam os sentidos,
Aqui somos genuínos, somos puros como a água que corre nos rios
Neste lugar somos aquilo que sentimos.

Não sei quanto tempo posso estar neste mundo interior
Sem criar uma dependência que sinto estar a crescer.
Ao fechar os olhos sei que não tenho nem janelas nem portas,
Apenas caminhos para ser eu mesma sem o fantasma do medo.
Ser genuína assusta os demónios do mundo normal
Aqueles tantas vezes de carne e osso e voz suave,
Mas que gritam inveja e ciúme... e causam tanta dor...
Gosto deste mundo interior e faria tudo para não regressar.
Até as gargalhadas das crianças são diferentes
Quando abro os olhos e enfrento o lugar dos corpos insensíveis...
Esta noite estou decidida a fechar os olhos ainda com mais força
E deitar-lhes a cola mais potente que exista para não voltarem a abrir
Para ficar aqui, apenas deste lado, no meu mundo interior...

EM - DUETOS DORDIANOS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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