terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Morando na filosofia de belchior - ISAAC SOARES DE SOUZA

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Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,
que hoje eu trago e tenho e o meu coração selvagem
tinha pressa de viver.
Ouvia um clamor no deserto e circunspecto
Tinha medo de entender que um novo momento
precisava chegar.
Eu sei que é difícil começar tudo de novo,
mas eu quero tentar.
O mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
eu tentei caminhar.
E dentro do meu karmanguia
sobre o trevo a cem por hora.
Eu vou me embora,
vou voltar pro meu sertão.
Pois vejo vindo com o vento o cheiro de uma nova
estação, eu não vou ficar nestas galés
vou voltar pro meu sertão.
Naquelas terras secas o que alimenta a alma é a fé
e a sanfona de Luiz Rei do Baião.
Não quero mais viver como o escravo indiferente e que
trabalha e, por presente, tem migalhas sobre o chão.
Pois as lágrimas do nordestino
São fortes como um segredo
Podem fazer renascer um mal antigo
E a dor sempre cicatriza o medo
São Paulo violento, corre o Rio que me engana
só em Fortaleza a vida é mais branda.
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar
Que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar
e o meu amor ainda chora a me esperar
Eu preciso regressar
Pois em qualquer lugar
na cidade grande onde a miséria se expande
no sertão ou a beira-mar
Quem já viu na vida novidade em estar vivo?
Tenho chorado demais
longe de casa, dos amigos e dos meus pais
Tenho sangrado pra cachorro,
Ano passado eu morri,
mas esse ano eu não morro
tenho arraigado no peito
o ímpeto de um guerreiro maior
Buscarei o meu próprio exílio
e assim o meu equilíbrio
Quanto o fez Antonio Carlos BELCHIOR!

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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