terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Xique-xique* na serra das russas - DEA COIROLO

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Chove e o agreste reverdece
explode nos delicados cactos
onde fortes espinhos aparecem.
Os “sete dedos” brilham, sustentam uma rede
de translúcidas gotas.
Destacam-se por sobre os granitos
pontos de cor magenta, roxos ou amarelos,
cobrindo os alcantilados, misteriosos e escuros
nas alturas da serra.
Flores... Flores quase vermelhas, quase violetas
pontos que mudam de cor,
pequenas asas de borboletas, fulguram à luz do sol.
Xique-xique, conjunto vertical de obeliscos hirsutos
verde vivo.
Cactos antigos pisando na Russinha,
rígidos, pré-históricos, estáticos, vegetais vilosos
e selvagens que a seca não consegue exterminar.
Gloriosa hoje a chuva que lhes faz espetáculo,
pintura e muito mais.
Natureza em flor, impressionismo.
Sacrossanta viagem até a cor.
Em êxtase contemplo esta paisagem e um profundo
suspiro de deslumbramento, escapa da minha alma
de mulher, que vagando no agreste, encontra beleza
em um lugar qualquer.
Eu sinto pulsar meu coração nesta terra
e prego meus pés no chão pernambucano.
Talvez no tempo de desencarnar eu seja um espírito
errático, arcano, e voe como galo de campina neste
jardim de espinhos, girando no ar que tanto amo.

*Nota da autora. Xique-xique – nome comum do cactos Pilocereus gounellei.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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