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O lugar que me acolheu no mundo implantou também
em mim a lente de exclusão do mundo.
Hierarquias valorativas anuviaram-me o olhar,
negando-me conhecer a estranheza do outro.
Desejante de outras alteridades, decido partir.
O desaconchego dos caminhos agasalha-me de contrastes.
À deriva, descubro-me diferença, ilha no mundo, tornando-se
bússola de singularidade alheia.
A perspectiva do outro sereniza os meus olhos, relativizando
o absoluto em mim. A compreensão do outro altera
a compreensão de mim mesma.
A lente primeira ganha visão prospectiva.
Apercebo-me então da capacidade humana de fundir
horizontes e não escapar deles.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - ANTOLOGIA - IN-FINITA
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