domingo, 9 de junho de 2019

Ermos areais povoados - MARIA ESTRELA DO MAR

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Naquela imensurável carpete estão contidas tantas lágrimas
de quem já muito se fartou
De vetustos enamorados,
De egos desvigorados,
De esposas enviuvadas,
De mães e irmãs em ânsias lavadas
De conquistadores quebrados pelos mares desgrenhados.

Com as sublimes esférulas da alma se erigem templos sagrados
Sangram o areal cansado, dilaceram depressões na concha
da humanidade, hospedam ósculos ardentes do mar.

Vai a moça decapitada deitar-se na colcha granulada
Fecha os olhos, eleva o torso e, faminta, injeta a maresia
Devora os corais, com mil e uma cores se faz triunfal
Ressoam sublimes cantos perigosos
São as ninfas reunidas, inauguram a procissão
Cortam as peias, correm as cortinas ancoradas na espuma fina.
Iemanjá desafiada desfaz a corrente obstinada,
Embala os vencidos e os obrigados, mais os loucos enganados
Contraria a bússola de mão, ou a carta de navegação.

Esvoaçam cabelos abaunilhados,
Bailam coroas de domingo feitas nas searas dos anjos
Doces ondas beijam aquela que antes fora decapitada.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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