quarta-feira, 12 de junho de 2019

Até sempre, mãe! MARIA PAULA PAREDES QUINTÃO

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Naquele dia, tudo foi triste, tudo foi dor,
tudo foi perda e saudade.
Há dias assim, que ficam para sempre cravados na nossa
memória pelo que deixam daquilo que nos levam...
Naquela manhã cinzenta e chorosa de novembro
eu soube que era chegada a hora.
Como é dolorosa a despedida de quem amamos!
A vida não nos prepara para este adeus!
A minha mãe era a pedra angular.
Não imaginava que em algum momento me faltasse.
Mas sabia que não a podia acompanhar nesta viagem.
E, no instante que a senti prestes a desancorar, acariciei-lhe
o cabelo, o rosto e dei-lhe tantos beijos quantos o timoneiro
me permitiu.
A sua respiração sossegou, avisando-me que a hora estava breve...
Agarrei-a com força, crente que enquanto a segurasse
e beijasse não partiria.
Mas partiu!
Partiu com um sorriso no rosto.
Como é dilacerante a dor do último suspiro...
Percebi que jamais veria o seu rosto ou ouviria a sua voz...!
Quis pensar na curva da estrada de que tantos falam,
Convencer-me que se a alcançasse a veria de novo,
uma última vez...
Mas, naquele instante, só a perda é real, a angústia e a
desesperança de uma saudade que nunca acaba, de uma
recordação que de imediato se torna presente.
Dei um último beijo naquele corpo já sem vida e sussurrei-lhe baixinho:
“ – Boa viagem mãe! Sê feliz para onde quer que vás! Até sempre!”

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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