sexta-feira, 13 de julho de 2018

Escritos do sangue... - ALBERTO CUDDEL

Tenho escrito a sangue dias negros
Desses que em desespero sorriu ao mundo
No acto egoísta de guardar em mim palavras
Condeno-as ao desconhecimento da luz
Luz que me cega e atormenta, punhais...

Arte quente que me jorra dos pulsos
Lufadas sincronizadas por batidas tristes
Sem dor, sem consequência de vida
Apenas a imobilidade parada me espera
Estrofes de sangue escorrendo no chão
Devolvendo paz a uma alma em guerra!

Penas e aparos de água que nada escrevem
Livros vazios nunca lidos ou abertos
Como eu... apenas um peso em prateleiras
O pó que os cobre conta ainda mais histórias...

EM - TOCA A ESCREVER - ANTOLOGIA - IN-FINITA

2 comentários:

  1. Neste poema, o autor manifesta um estado desolador, triste, enigmático...
    Apreciei o tratamento formal dado ao tema.

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