quinta-feira, 5 de julho de 2018

À mestra - PETRUCIA CAMELO

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O vento escapa, por onde passa, entremeando os verdes ramos,
e paira como se ficasse a espiar atrás de um arvoredo em flores
vendo a mestra colher e sorver traçadas linhas de néctar do saber
a prover em culto, a sacralizar, a consagrar parte de si a outrem.
E com gesto silencioso em função do aprender cai a flor no jardim
e ligeiro o vento sopra as pétalas para debaixo da soleira da porta.
Indiferente vira-se páginas, então, a mestra busca o ideal do saber.
E assim, a vocação instaura o seu posto na ideologia do aprender.
Ser mestra, qual a gueixa submissa é prender a atenção ao prazer
de ser escolhida de ser possuída dos significados centrados no Eu.
No front deixa-se olhar, ouvir, escrever, a despe o olhar indagativo.
Esgarçada a folhagem pela contagem do vento, a árvore testemunha
à palavra em perpétuo esforço para continuação do que se desvanece.
Em discurso, a mestra pensa em se dizer, sem pensar em realizar-se.
E como serpente emplumada se arrasta por entre bancas, em espanto.


EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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