quinta-feira, 26 de abril de 2018

Um grão de areia em Lisboa - CASSIA CASSITAS

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O azul do Tejo invade o quarto. Sol claro, dia pronto, o silêncio se foi.
É hora de acordar, tempo de abrir os olhos, tomar café.
Os grãos exalam o aroma quente pelas avenidas a despertar.
Bairros cinzentos, pedestres peões pessoas, linhas azul amarela vermelha.
A multidão caminha, do alto de Olaias penso na areia.
Todos nós grãos de areia no deserto imenso da humanidade.
Santos, Almada, Chiado, encostas construções justas
Alfama, Apolônia, a Santa, a disputar espaço para ver o rio.
Em maio as águas do Tejo não viram o fogo. 
O Brasil ardeu em protestos, prédios direitos cidadãos a tombar.
Em meio à dor no meu peito brasileiro e a alegria de ser, eu também!
um grão além da pocinha-oceano, senti esperança.
Tão pequeno um grão de areia. Gosto de gente pequena
gente velha grande sem grupo que pensa estar só ao ver o deserto.
Precisamos ser areia, grãos a vislumbrar outros grãos.  
Limpos inteiros concretos e etéreos para não perder o vento.
O antigo e o novo costurados a desembocar aos pés do Marquês de Pombal.
De seu pedestal parece nos lembrar que após o terremoto vem o sol
que aquece e derrete, queima e adere, e nos levanta
Pois é da nossa natureza ser grão. Único. E fazer a diferença.


EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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