LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
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Pelo pouco tempo no qual sempre me
desconheço
Pelo pouco que foi dito em todas as
palavras ressentidas
Por aí a vagar como um louco, cabeça
contra o poste na esquina do infinito
Em todas as coisas vãs no absurdo à
beira de lugar algum
Jamais assim estive a procurar o que
achava
As palavras jorravam de minha alma
como um ninguém
Perco diariamente o rumo ao saber de
meu desterro
Meu caminho é a incerteza da chuva
como se esta fosse uma questão de segundos.
Pelo pouco em pouco quase mesmo
coisa alguma
Estes restos de pão bolorento
umedecido por minha saliva inútil
Conjugo verbos homicidas por desejo
de estar como uma besta
Enfurecida frente ao portão do
inferno a ponto de cuspir o horror das horas mortas
As horas tais de profunda angústia
que se arrastam como estas correntes em minha alma
No frio hostil de uma masmorra
imunda em sua permanência cruciante
Gritos ensurdecedores atormentam
minha mente tarde da noite quando então já estou
Com a mente vazia e os pés descalços
prestes a abrir a porta do fim do mundo
EM - POEMAS ESCUROS - JOÃO AYRES - ARMAZÉM DE QUINQUILHARIAS E UTOPIAS
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