segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Tardias confissões - PAULO DE CARVALHO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELO AUTOR
Podem conhecer o autor neste link

Distantes dias tardias confissões...
Vidas!
Vidas! Vidas! Vidas!
Tantas vividas em doce sal.
Túrgido manto sopro do espanto
Esperanto antro de minhas esperas.
Desespero do dia repetido final.
Deserto!
Dá-me deserto, pois tenho sede.
Dá-me a rede, pois que anseio a morte.
Dá-me seios, pois que sou deleite
Lírio que não te quero branco.
Quero a morte mais bela
Como o canto do uirapuru
No velho oiti que nunca mais vi.
Quero ao menos a saudade de teu canto
Já que encanto não mais há.
Não!
Não a morte - aquela, que um dia, insolente,
Virá me beijar.
Quero aqueloutra louca louça
Prato de minhas faltas.
Quero minhas falhas solenemente louvadas
Em corais de louva-a-deus
Perfilados fiéis soldados
Em assolados solos de minhas vaidades.
Legiões de bravos gafanhotos
A devorarem minhas verdes frescas tenras verdades.
Sim!
Sim! Eu a anseio apoteoticamente.
Venha a mim em meus ontens hoje - amanhãs por sempre
Mata-me de vida.

EM - KYRIE - PAULO DE CARVALHO - BIBLIOTECA 24X7

Sem comentários:

Enviar um comentário