Estou
dentro de um nó que me enovela
num
novelo compacto de curvas,
que
se enovelam nele e enrolam nelas,
e
se encharcam depois dentro da chuva.
No
buraco do nó estou; nas uvas
dos
meus olhos pejados de cancelas;
no
sentimento antigo das viúvas,
nas
camisas de força das janelas.
Estou
dentro do nó. Estou no meio,
estou
num abscesso e no receio
de
me liquefazer quando explodir.
Estou
dentro de um fruto que apodrece,
que
quer crescer no entanto não mais cresce,
que quer se dar mas
não se pode abrir.EM - LIVRO DOS SONETOS, DOS PRIMEIROS AOS PENÚLTIMOS - JOSÉ LUIZ MELO - NOVO ESTILO EDIÇÕES DE AUTOR
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