Mas é nas tábuas de um corredor que cresce uma rosa vermelha. Ali está a sua sombra e a música e também o espaço que o homem encontra para respirar. Lá fora, em frente de uma cancela, uma outra mulher com um rosto de morta esconde as mãos entre o musgo que ocupa a madeira. Atrás de si, uma janela anuncia a presença de um corpo. É o terror que persegue o homem, uma imagem que se cola aos pulsos e o faz cortar-se com uma navalha. Não há consolo nem artifícios que consigam findar a agonia. O seu peito curva-se para dentro e quase lhe esmaga o coração. O homem inicia então o caminho da água e do sangue. Vai pelo mar, pelos rochedos, pisando todas as saliências que lhe cortam os pés.
EM - LACRIMATÓRIA - JAIME ROCHA - RELÓGIO D'ÁGUA
Sem comentários:
Enviar um comentário