quarta-feira, 15 de julho de 2015

Trinta dinheiros - MANUEL ALEGRE

No bengaleiro do mercado público
penduraram o coração.
Vestem o fato dos domingos fáceis.
Não têm rosto
têm sorrisos muitos sorrisos
aprendidos no espelho da própria podridão.
Têm palavras como sanguessugas.
Curvam-se muito.
As mãos parecem prostitutas.
Alma não têm. Penduraram a alma.
Por fora parecem homens.
Custam apenas trinta dinheiros.

EM - POESIA VOL. I - MANUEL ALEGRE - DOM QUIXOTE

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