Os deuses nascem quando a vida estreita
laços de olhar, em torno da memória;
lembrar com medo é refazer a história
de quantos deuses uma estátua é feita.
Surgem desígnios que a morte ajeita
ao jeito permitido... Sim! Devore-a
a pura terra em água mais eleita,
que, ao chamar gruta à solidão marmórea,
dará, e a Deus, um cântico e um destino.
Se foi impunemente que menino
me demorei no tempo e não perdi
o bibe sujo que ficou como era,
tenho maior direito ao que se espera:
criei constelações e nunca as vi.
EM - ANTOLOGIA POÉTICA VOL IV - JORGE DE SENA - GUIMARÃES
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