domingo, 7 de junho de 2015

XIII - VICTOR OLIVEIRA MATEUS

Sento-me no murete da praia, na esquina mais áspera da Marginal: o trânsito - revolto - mistura-se com a dança das gaivotas, com o estridente desnorte das andorinhas-do-mar e com esta ausência num cais de esplanadas desertas, onde os barcos ainda se anunciam despovoados de carga e de gentes. Sento-me nas dobras enegrecidas da memória com o olhar férvido dos motoristas a vigiar-me, com os dedos ensanguentados num folhear de esperas há muito sem sentido. Sento-me e a tarde abre-se-me num apático vaguear de fluídas silhuetas, com a premência deste sol a abater-se sobre mim, repleto de promessas - mas podre.

EM - NEGRO MARFIM - VICTOR OLIVEIRA MATEUS - LABIRINTO 

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