O gato papa-açorda e paposseco
foi visto na janela da vizinha
com novelos de sol num reco-reco
tricotando poemas de lãzinha.
Lambusando palavras com ternura
miando carapaus de quatro sílabas,
saltou do parapeito à aventura
para tomar o chá em mesa de abas.
Ficou-lhe outro soneto por achar
(aquele que por causa do mianço
nem sete vidas dão para acabar).
Há-de o bicho tornar-se manipanço
e quanto mais o tempo se mudar
mais vontade lhe vem de ficar manso.
EM - ANO COMUM - JOAQUIM PESSOA - EDIÇÕES ESGOTADAS
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