quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Despedidas ao Tejo - MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE

Não mais, ó Tejo meu, formoso e brando,
à margem fértil de gentis verdores,
Terás d'alta Ulisseia um dos cantores
Suspiros no áureo metro modelando:

Rindo mas não verá, não mais brincando
Por entre as ninfas, e por entre as flores,
O coro divinal dos nus Amores,
Dos Zéfiros azuis o afável bando:

Coa fronte já sem mirto, e já sem louro,
O arrebata de rojo a mão da Sorte
Ao clima salutar, e à margem de ouro:

Ei-lo em fragas de horror, sem luz, sem norte,
Soa daqui, dali piado agouro;
Sois vós, desterro eterno, ermos da morte!~

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - BOCAGE - VERBO

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