terça-feira, 11 de junho de 2013

Vida - CECÍLIA MEIRELES

Do pano mais velho usava.
Do pão mais velho comia.
Num leito de vides secas,
e de cilícios vestida,
em travesseiro de pedra,
seu curto sono dormia.
Cada vez mais pobre
tinha de ser sua vida,
entre orações e trabalhos
e milagres que fazia,
a salvar a humanidade
dolorida.
Mãos no altar, a acender luzes,
pés na pedra fria.
Humilde, entre as companheiras;
diante do mal, destemida,
Irmã Clara, em seu mosteiro
ténue vivia.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CECÍLIA MEIRELES - RELÓGIO D'ÁGUA

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