sexta-feira, 28 de junho de 2013

Não - NATÉRCIA FREIRE

Não formar nenhuma ideia
do que somos ou seremos
mas entre as vozes que fogem
precisar o que dizemos.
Dormir sonos ante-céus
abismos que são infernos.
Dormir em paz. Dormir paz,
enfim a nota segura.
Lembrar pessoas e dias
que penetraram no espaço
de eventos primaveris.
E dar a mão aos espectros
beijá-los lendas, perfis.
Amar a sombra, a penumbra
correr janelas e véus.
Saber que nada é verdade.
Dizer amor ao deserto
abraçar quem nos ignora
dormir com quem não nos vê
mas precisar do calor
de quem nunca nos encontra.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - NATÉRCIA FREIRE - ASSÍRIO & ALVIM

1 comentário:

  1. Um poema num contexto dicotómico, muito enigmático. TEM FRASES MUITO EXPRESSIVAS.
    Grata por me ter dado a conhecer.

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