quarta-feira, 13 de março de 2013

Os meus nervos - DOMINGOS MONTEIRO


Os meus nervos são cordas que, tangendo,
Aos poucos eu tornei desafinadas...
Fios aonde as aves, assustadas
Dos presságios cruéis, ficam gemendo.

Qual a razão de ser? E eu penso vendo
O tombar de ilusões, às revoadas,
Que as almas que na vida vão morrendo
Talvez sejam na morte compensadas.

Porque é que eu sofro uma alegria e gozo
Na dor uma volúpia estranha e ardente,
Junto um beijo de amor a um ferro em brasa?

Não sei. Jamais sabe explicar a gente
Porque no olhar mortiço dum leproso
Há muita vez a ânsia de ser asa.

EM - POESIA - DOMINGOS MONTEIRO - INCM

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