segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

II - PAULO EDUARDO CAMPOS


escrevo-te deste tempo ausente
com pupilas dilatadas.
escrevo-te quase só, exausto,
quase cego, quase louco.
ninguém escuta a minha voz sobre as ruínas,
o grito, a dor, nada.
há um poema que atravessa os muros,
um nó que se aperta na garganta,
um silêncio que entardece
quando todos partem.
sou, talvez, um caminhante solitário
pelas estrelas sem nome.
aquele que caminha quando todos dormem
fechando todas as portas
que o tempo não apaga.

EM - A CASA DOS ARCHOTES - PAULO EDUARDO CAMPOS - LUA DE MARFIM

2 comentários:

  1. Muito original pelo romantismo misto de desespero. Gracias

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  2. Obrigado, Emanuel, pela divulgação. Grande abraço.

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