sexta-feira, 13 de abril de 2012

P- HÁ - ÁLVARO DE CAMPOS



Hoje, que sinto nada a vontade, e não sei que dizer,
Hoje, que tenho a inteligência sem saber o que qu'rer,
Quero escrever o meu epitáfio: Álvaro de Campos jaz
Aqui, o resto a Antologia grega traz...
E a que propósito vem este bocado de rimas?
Nada... Um amigo meu, chamado (suponho) Simas,
Perguntou-me na rua o que é que estava a fazer,
E escrevo estes versos assim em vez de lho não saber dizer.
É raro eu rimar, e é raro alguém rimar com juízo.
Mas às vezes rimar é preciso.
Meu coração faz como um saco de papel socado
Com força, cheio de sopro, contra a parede do lado.
E o transeunte, num sobressalto, volta-se de repente
E eu acabo este poema indeterminadamente.

IN - POESIA - ÁLVARO DE CAMPOS - ASSÍRIO & ALVIM

Álvaro de Campos é um dos pseudónimos do poeta Fernando Pessoa

2 comentários:

  1. Tá lindo seu blog Manu.Lindas poesias.Abraços.

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  2. Um dos poucos com rima, muito bem escolhido pela raridade e qualidade!

    Beijoca

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