domingo, 5 de fevereiro de 2012

Canção do lavrador - RUY BELO

Meus versos lavro-os ao rubro
neste página de terra
que abro em lábios. Descubro-
-lhe a voz que no fundo encerra

Os versos que faço sou-os
A relha rasga-me a vida
e amarra os sonhos de voos
que eu tinha à terra ferida

Poema que mais que escrevo
devo-te em vida. No húmus
a regos simples eu levo
os meus desvairados rumos

Mas mais que poema meu
(que eu nunca soube palavra)
isto que dispo sou eu
Poeta não escrevas lavra

EM - TODOS OS POEMAS I - RUY BELO - ASSÍRIO & ALVIM

Sem comentários:

Enviar um comentário