domingo, 3 de julho de 2011

Descontente - NATÉRCIA FREIRE

Abafada, afogada no Tejo,
Tristemente esquecida no fundo.
É só água que vejo! E não vejo
As janelas abertas do mundo!

Tristemente esquecida na sala.
Descontente, em ninguém deixou pena...
Na pequena moldura não fala,
No pequeno retrato é serena.

É só água que vejo. Talvez
Os meus braços se alonguem para o cais.
Mas o mar que me bate nos pés
Rasga um som de cristais... de cristais...

Às janelas do mundo, ninguém.
Sobre o cume das serras, a Lua.
Pelo frio da noite que vem,
Sou de pedra, no fundo, e estou nua.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - NATÉRCIA FREIRE - ASSÍRIO & ALVIM

Sem comentários:

Enviar um comentário