Abafada, afogada no Tejo,
Tristemente esquecida no fundo.
É só água que vejo! E não vejo
As janelas abertas do mundo!
Tristemente esquecida na sala.
Descontente, em ninguém deixou pena...
Na pequena moldura não fala,
No pequeno retrato é serena.
É só água que vejo. Talvez
Os meus braços se alonguem para o cais.
Mas o mar que me bate nos pés
Rasga um som de cristais... de cristais...
Às janelas do mundo, ninguém.
Sobre o cume das serras, a Lua.
Pelo frio da noite que vem,
Sou de pedra, no fundo, e estou nua.
EM - ANTOLOGIA POÉTICA - NATÉRCIA FREIRE - ASSÍRIO & ALVIM
Sem comentários:
Enviar um comentário